Ciberativismo no Twitter

O ciberativismo, como é conhecido o ativismo pela internet, apesar de ser um fenômeno recente, está cada vez mais popular no Brasil. As iniciativas incitadas no meio virtual estão mobilizando um grande número de pessoas entre os 44,5 milhões de brasileiros que tem acesso à internet, segundo pesquisa do Ibope em 2008 (leia mais sobre esse tipo de manifestação na edição 22 do Sobpressão).

Imagem: Divulgação.

O Twitter é um dos mecanismos  utilizados para atrair colaboradores. Confira a seguir os bastidores de um perfil ciberativismo no Twitter: o LeiSeca Fortal. Quem esclarece é o criador, Carlos Nóbrega.

Como surgiu o @LeiSecaFortal ?

Carlos Nóbrega: A ideia original foi do “LeiSeca” no Rio de Janeiro (@LeiSecaRJ), quando vimos uma reportagem sobre o crescimento da sua popularidade e que estariam disputando um prêmio em Nova Iorque, com quase 40 mil seguidores. Achamos a ideia interessante e criamos o @LeiSecaFortal.

Do que trata exatamente esse perfil? Qual o objetivo?

A intenção inicial era de divulgação das blitz da cidade, a qual denominamos de BLESF (Blitz Lei Seca Fortal, para que ficasse mais fácil encontrar numa busca via hashtags), mas, ao contrário do que algumas pessoas comentam, lembramos que “informar”, “divulgar” é totalmente legal e não tem a intenção de fazer com que pessoas bebam, dirijam e fujam das blitz. Pelo contrário, nossa ideia de divulgar é exatamente de fazer com que pessoas que tenham intenção errada de beber e dirigir percebam que Fortaleza está completamente fiscalizada por blitz com bafômetros e que, ao se conscientizar da existência das blitz, tenham receio, deixem o carro em casa e peguem um taxi ou vá de carona. Tanto que também criamos o @CaronaFortal.

“Em resumo: nós damos a informação. Quem as recebe age como lhes convir. Os mais conscientes percebem o perigo e deixam o carro em casa. Os ‘sem noção’ arriscam”. Carlos Nóbrega

Já que não se trata apenas de informar sobre as blitz da Lei Seca, porque o nome do perfil é @leisecafortal ?

Optamos por manter o nome “LeiSecaFortal” por ser um nome atrativo, que causa curiosidade e interesse de muitos, mesmo que o twitter não fale apenas com relação a Lei Seca, mas sim do trânsito em geral, divulgando flagras de infrações, buracos, congestionamentos, etc.

Quanto tempo tem o perfil e como está a receptividade dos seguidores?

O LeiSecaFortal tem pouco mais que 1 mês e já está caminhando praticamente sozinho com a colaboração de muitos seguidores através de smartphones, ou mesmo seus computadores pessoais, tirando fotos, postando links, denunciando flagras diários, etc. Atualmente, o LeiSecaFortal tem uma adesão diária de 30 novos seguidores.

O sucesso do LeiSecaFortal está sendo tão grande que temos depoimentos de usuários que mudaram sua trajetória ao ler um de nossos posts, evitando congestionamentos, alguns bem empolgados agradecendo a ideia, afirmando que a vida no trânsito melhorou, etc. Já temos inclusive sugestões de melhorias: uma seguidora sugeriu apagar o número da placa de carros nas fotos postadas.

Quem administra a conta no Twitter?

Nossa equipe no @LeiSecaFortal  conta com a administração de três pessoas usando iPhones com plano de dados 3G, software Echofon, com nível de Mestrado em Informática, porém hoje o @LeiSecaFortal tem vida própria e está nas mãos de quase 1 mil seguidores.

Texto: Allan Diniz e Mariana Penaforte

Tomando como ideia os blogs e as redes sociais como espaço de sociabilidade, o sociólogo Igor Monteiro vê as novas tecnologias transformarem o curso da vida social. “Nesse sentido, os fenômenos engendrados por elas (redes sociais) não podem ser isentos de análises, inclusive antropológica”.

Conforme ele, blogs e outras redes sociais são exemplos empíricos de como se vive numa época de “diluição de fronteiras, de extrema conectividade e lateralidade”. É por meio dessas ferramentas, afirma Igor, que hoje se pode entrar em contato com pessoas em quase todos os lugares do mundo.

“A ideia de redes sociais, especificamente, contribui para pensarmos novas formas de associação, novas formas de estar juntos, novas formas de partilha”.

Igor Monteiro