
Com a premissa de um texto jornalístico mais literário e com mais liberdade, as jornalistas Ethel de Paula e Joana Dutra foram ao Laboratório de Jornalismo (Labjor) na tarde deste 1° de julho para discutir o tema com alunos interessados pelo tema. A oficina faz parte do projeto de férias. Até o final do mês haverão mais quatro oficinas.
Há estudantes de jornalismo que sentem-se inquietos com o uso da pirâmide invertida e demais ferramentas de construção das hard news. Não só estudantes, mas jornalistas, já no mercado, querem colocar em prática reportagens mais bem elaboradas, literárias e sem as regras factuais de notícias rápidas e precisas.
Porém, Ethel de Paula advertiu que para ser literário tem que ter talento e tempo. “Não é em todas as matérias que você vai poder ser mais aprofundado. Tem dias que vão ter três pautas e não vai dar pra aprofundar muito.”
A Literatura ronda a cabeça de muita gente, dá ideias e causa uma excitação para fazer com que a palavra e o pensamento fluam, longe das amarras do padrão que o jornalismo diário exige.

É injusto selecionar jornalistas que sejam referência para o gênero, pois a lista é vasta. Mas personalidades como Nelson Rodrigues, Rubem Braga, Joaquim Ferreira dos Santos, Gay Talese e Tom Wolfe podem ser destacados de antemão. Eles quebraram a forma clássica de fazer jornalismo. Foram contra o “texto redondo” e assumiram um estilo que tem multidões de admiradores. Quando questionada sobre a forma literária se estender a ficção, ou seja, os jornalistas criam personagens para poder explicar melhor o caso ao leitor, Ethel foi ponderada. “O [Truman] Capote pode, o Garcia Marquez também, mas eles já tem nome para isso. O leitor já vai ler sabendo o que esperar daquele texto”.
Texto de Camila Holanda