Dentre os vários momentos provocadores de Biutiful, a afirmação: “Não se pode confiar num homem faminto”, ilustra o cru sentido da estória. O argumento é de um personagem coadjuvante, que procura justificar o injusto. O filme, do mexicano Alejandro González Iñárritu, que também dirigiu “Babel” (2003) e “21 gramas” (2006), concerne à paradoxal desumanidade do homem numa civilização em que “tênue” é pouco para descrever a linha que separa o certo do errado.
Uxbal, personagem do ator Javier Bardem, enfrenta o cerne do problema ao ser forçado a lidar com as vicissitudes da vida, como culpa, solidão e a inevitabilidade da morte. Diante de tais questões tenta encarar as injustiças das quais faz parte, e que normalmente é conivente, vendo-se frente a dilemas éticos.
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O diretor volta, mais uma vez, a abordar o contexto da imigração ilegal e suas consequências sociais. E, novamente, mostra a coexistência quase onipresente entre feio e bonito, sensível e duro, bom e mau do caráter e das relações humanas. Além disso, incorpora elementos de reflexão espiritual.
É um filme difícil, porém belo pela forte substância emocional. E como assinalou Bardem em entrevista, o longa traz à tona assuntos dos quais, às vezes, é necessário que todos nós sejamos lembrados, como “compaixão, perdão e empatia”. Apesar do trágico, traz um sopro de esperança.
Ficha Técnica:
Biutiful, 2010 – 148 minutos
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco principal: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib, Guillermo Estrella e Eduard Fernández
Texto: Manoela Cavalcanti
(manu_satine@hotmail.com)
Orientação: Prof. Júlio Alcântara
Ainda não assisti esse filme, mas sua análise me fez abrir os olhos para ele 😀