Seth Macfarlane, roteirista da premiada série Family Guy, conhecida como “Uma Família da Pesada”, graças a infeliz tradução para o português, levou pela primeira vez seu humor politicamente incorreto e malcriado para as grandes telas em 2012. O Ursinho Ted, que traz no elenco os afiados Mark Warlberg (O Vencedor) e Mila Kunis (Cisne Negro), é uma comédia romântica com um lado obscuro de puro sarcasmo.
O título do filme referencia o principal personagem, um urso de pelúcia feito por computação gráfica e dublado por Macfarlane, que tem atitudes de um adulto grosseiro.
Um urso e seus recalques
A “explicação” da transcendência do status de coisa, para o de ser vivo do ursinho, dá-se pelo pedido de natal de um menino impopular, John Bennett. A criança, que no futuro transforma-se no adulto interpretado por Warlberg, deseja um amigo de verdade, e, de certa forma, consegue.
A sequência mostra o crescimento da dupla. Assim, o ursinho considerado um milagre tem seus cinco minutos de fama, mas simplesmente não consegue superar isso. A estagnação no passado cria em Ted uma personalidade agressiva, dependente e imatura. Aliando todas essas “benesses”, ainda soma-se uma boca felpuda muito suja. E essa é a graça do filme – a contradição ridícula e absurda de um adulto nada bonzinho e infantil em um corpo fofinho de pelúcia.
Roteiro déjà vu
O longa reúne elementos eficazes, porém vistos com frequência nas comédias americanas atuais. Há o chamado “bromance”, como em Eu Te Amo, Cara (2009), o uso de drogas, presente em Pineapple Express (2008) e Horrible Bosses (2011), até o saudosismo oitentista tanto em voga – Sam Jones, ator consagrado nos anos 1980 por interpretar o herói Flash Gordon, tem uma participação em O Ursinho Ted interpretando ele mesmo.
Além da má-influência de Ted na vida de John Bennett, e suas reverberações negativas, para intensificar a trama, surgem vilões bizarros. No entanto, a entrada desse núcleo parece mal engendrada, mesmo incluindo Giovanni Ribisi (Avatar).
Repercussões
O lançamento de Ted foi por um lado cercado de polêmicas, e por outro de expectativas dos fãs do roteirista, diretor e dublador, Macfarlane. Quanto as polêmicas, que costumam permear os trabalhos dele, já eram de se esperar. O filme é bastante inapropriado para crianças, como endossa a classificação etária, que é de 16 anos. Portanto, não se deixem enganar pelo ursinho fofinho e evitemos o engano do deputado Protógenes Queiroz PCdoB, que após levar o filho de 11 anos para assistir o longa no cinema, ficou ultrajadíssimo, e quis inclusive vetar a exibição do filme nas salas de cinema brasileiras.
Texto: Manoela Cavalcanti