Futebol: quando o fanatismo dá lugar ao vandalismo

Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

A violência está cada vez mais constante dentro do futebol brasileiro. Segundo o portal de notícias Uol Esportes, em entrevista com o sociólogo e professor da  Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maurício Murad, o Brasil é o país líder no ranking de mortes por confrontos dentro dos estádios. A partir de dados levantados por jornais, revistas e rádio, 42 torcedores morreram nesse tipo de conflito nos últimos dez anos.

O cenário não é diferente no Ceará. Os dois maiores times da capital cearense vivem, frequentemente, em atos de vandalismo e violência. Grande parte da população fica temerosa em dias de clássicos, como são chamados os jogos do Fortaleza versus Ceará.

Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Quando há disputas, as pessoas que moram próximo a Arena Castelão presenciam várias cenas de violência, tanto com os torcedores rivais, quanto com a polícia.

É o que relata a moradora Amanda Carneiro, “quando entrei na rua, já haviam muitos torcedores rendidos no chão, várias viaturas da polícia. Em seguida, um torcedor apanhou bastante, mas depois o liberaram.”

Transportes coletivos são principal alvo

Cobrador Ednardo. Foto: Amanda Carneiro
Cobrador Ednardo. Foto: Amanda Carneiro

Dentro dos transportes coletivos, a violência também acontece de forma significativa. Segundo o cobrador da linha 041 (Oliveira Paiva/ Parangaba), Ednardo, a violência e atos de vandalismo estão acontecendo deliberadamente, como a cena de agressividade que presenciou com um deficiente auditivo, “Eu ainda tentei avisar para ele não passar a catraca, mas ele não conseguiu entender. Eram muitos, ninguém pôde fazer nada”, relata decepcionado.

Outro grande problema dentro dos ônibus é o uso de drogas, “eles usam drogas aqui dentro, sem respeito com ninguém, nem com as crianças”, conclui Ednardo.

Ricardo Ribeiro no Castelão. Foto: Arquivo pessoal
Ricardo Ribeiro no Castelão. Foto: Arquivo pessoal

Além disso, estar no meio de torcedores não parece mais ser seguro. Um exemplo disso foi o que aconteceu com o estudante de administração, Ricardo Ribeiro, dentro de um ônibus: uma gangue que estava entre eles iniciou uma confusão com a torcida adversária que passava pela rua.

Com a chegada da polícia, acabou sendo agredido com um cassetete por um policial. “Eu estava ali com várias pessoas que também não tinham nada a ver. Todos nós, por estarmos uniformizados, tivemos que descer para sermos revistados”, lembra com indignação.

Por causa disso, a Federação Cearense de Futebol (FCF) suspendeu as torcidas Jovem Garra Tricolor (JGT) e Cearamor dos estádios brasileiros por períodos de 90 e 60 dias, respectivamente.  A medida atende a uma recomendação do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) e tem penas diferenciadas porque a torcida tricolor é reincidente. As duas estão, desde já, estão fora do Campeonato Cearense e só retornam às arquibancadas após a Copa das Confederações.

Texto: Amanda Carneiro e Thaís Barbosa

Cadê o Plano de Mobilidade Urbana?

Na avenida Paulista, uma das principais vias de São Paulo, homens-placa carregaram mensagens com #cadê, mote da campanha do Greenpeace que convida os brasileiros a pensarem a mobilidade urbana brasileira. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida
Na avenida Paulista, uma das principais vias de São Paulo, homens-placa carregaram mensagens com #cadê, mote da campanha do Greenpeace que convida os brasileiros a pensarem a mobilidade urbana brasileira. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida

Plano de Mobilidade Urbana (PMU) tem como finalidade a criação de uma infraestrutura que atenda a demanda dos transportes nas grandes capitais brasileiras, dada a partir de uma forma integrada e estratégica. Essa iniciativa vai desde a implantação de faixas exclusivas para ônibus, até o surgimento de ciclovias e avenidas.

Com a chegada da Copa do Mundo, as cobranças em busca do Plano de Mobilidade Urbana foram intensificadas. O estádio Castelão, em Fortaleza, foi o primeiro a ser concluído no Brasil, contudo ainda restam muitas obras para serem terminadas. As reformas ainda não ultrapassaram nem 30% do que foi acordado. Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura (Seinf), apenas duas das seis obras negociadas serão entregues até a Copa das Confederações.

Banner de 10 metros de comprimento em passarela da Radial Leste, São Paulo, cobrou a implementação de corredor de ônibus no local. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida
Banner de 10 metros de comprimento em passarela da Radial Leste, São Paulo. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida

Com isso, no dia 10 de abril de 2013, o Greenpeace iniciou sua campanha, com a finalidade de acompanhar o projeto de mobilidade urbana das cidades. Os organizadores foram para as ruas da capital Paulista a fim de cobrar o desenvolvimento das obras prometidas, mas que não foram cumpridas. “No viaduto Guadalajara foi estendido um “banner” com dez metros de extensão com a seguinte frase “ Cadê o corredor do ônibus que poderia está aqui?”.

A partir disso, o Greenpeace oferece, em seu site oficial, todas as informações sobre o tema e exibe o panorama de como estão sendo construídos os Planos de Mobilidades Urbanas. Além disso, o cidadão pode participar ativamente da campanha, por meio da cobrança das ações efetivas do Governo.

Texto: Thaís Barbosa

 

Ceará tem 15% de aprovação no Exame de Ordem

oab

De acordo com dados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ceará tem 15,5% de aprovação no exame, estando acima da média nacional (10,3%). Mesmo assim, o resultado ainda está sendo considerado de baixo nível.

O baixo nível é demonstrado em meio ao resultado, em que 3.426 foram inscritos e somente 533 foram aprovados, entre eles 426 de Fortaleza, 66 de Juazeiro do Norte e 41 de Sobral. O motivo dessa quantidade de aprovação é dada pela grande oferta do curso de Direito, que, no Exame de Ordem, foram inscritos candidatos de 16 Faculdades diferentes no Ceará. Porém, com pouca qualidade de ensino.

A medida tomada pela OAB em parceria com o Ministério da Educação (MEC) para melhoria nas condições de ensino é dada pela fiscalização dessas faculdades. Serão consideradas fechadas as faculdades que tiverem notas abaixo da média no exame da OAB, além do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE).

MEC apoiado

Estátua Direito
Foto: Thiago Gadelha

Segundo a coordenadora de Direito da Universidade de Fortaleza, Cecília Barroso de Oliveira, o baixo nível de aprovação no exame da OAB é dada pela grande quantidade de cursos e a falta de preparo dos alunos, devido à baixa  qualidade de ensino.

Além disso, ela concorda com a posição do MEC em relação à fiscalização e fechamento de algumas Faculdades. “ O MEC está certo. É necessário verificar quais os cursos que estão viabilizando. Tem que investigar o desenvolver do curso, para que não vire uma fábrica de fazer dinheiro.” Outro assunto abordado é o lucro da OAB a partir do exame, pois todas as vezes que os candidatos realizam a prova é pago uma taxa. “A OAB lucra com a verba das inscrições, mas não faz prestações de contas.”

 As inscrições para o próximo exame ocorrerá até o dia 8 de Abril. Na primeira fase prevista para o dia 28 de Abril, será dada uma prova objetiva. Já a segunda, dependerá da aprovação da primeira, no que será realizada uma avaliação prática, marcada para o dia 16 de Junho.

Texto: Thaís Barbosa

Intercambistas no campus: do mundo para Fortaleza

382635_10150944781030327_1844207377_n
A colombiana, Valentina Martinez (ao centro), com amigos que conheceu na Unifor.

As belezas cearenses parecem atrair cada vez mais admiradores. A prova disso é que Fortaleza é o 3º destino mais procurado entre os brasileiros e, conforme estatísticas do Ministério do Turismo (Mtur) referentes ao ano de 2010, Ceará é o 7º estado mais visitado por viajantes de outros países, com cerca de 95 mil visitas durante todo o ano.

Mas não é só em relação às belezas naturais e culturais que a capital cearense se destaca. Outro fator que está atraindo estrangeiros para Fortaleza é a formação acadêmica. Todos os anos, a Universidade de Fortaleza recebe uma grande quantidade de alunos estrangeiros no programa de intercambio universitário. A maioria desses alunos são franceses e o curso com maior número de intercambistas é o de Comércio Exterior.

A Unifor possui convênio com mais de 100 instituições de ensino superior, distribuídas em 20 países. Desde 2001, a assessoria internacional da Universidade de Fortaleza, responsável pelo intercambio acadêmico, trabalha para promover e estimular a pratica do intercambio cultural, além de constantemente promover eventos e palestras internacionais. É também o setor responsável por recepcionar esses alunos. Porém, apesar de, no geral, apresentar um resultado satisfatório, ainda há uma serie de fatores que poder ser aprimorados na forma como os alunos intercâmbistas são recebidos.

Ao chegar a um país estrangeiro, o aluno necessita de um acompanhamento, não somente em relação à papelada exigida pela universidade, as normas e as disciplinas que ira cursar. É preciso receber bem o aluno intercambista e ajudá-lo em sua adaptação ao novo país, à nova língua e aos novos costumes. Quando bem recepcionado, além de rapidamente se habitar, o aluno apresenta um maior rendimento durante todo o período em que está estudando fora de sua terra natal.

Tendo isso em vista, o programa Erasmus Student Network (ESN), um das maiores associações estudantis interdisciplinares da Europa, foi fundado em 1989 para prestar apoio ao aluno estrangeiro. O programa está presente em 339 instituições de educação, distribuídos entre 34 paises. Nas universidades onde o programa ESN existe, além da ajuda acadêmica da coordenação universitária, o aluno estrangeiro recebe o apoio dos voluntários ESN. São estudantes nativos ou que residem no país há bastante tempo que se voluntariaram para ajudam na recepção dos alunos intercambistas.

545599_289136644534634_369981870_nDe acordo com Lucas Dantas, aluno do curso de jornalismo na Unifor, que esteve no intercâmbio acadêmico na Espanha semestre passado, a ajuda dos voluntários é essencial para a adaptação inicial do aluno. “Eles ajudam desde o primeiro momento. Normalmente, são os primeiros amigos que o aluno estrangeiro faz e eles ajudam muito na socialização, o que é muito importante para a adaptação de qualquer um que recém chega a um novo país.”. Mas não é apenas no quesito socialização que o grupo de voluntários ajuda. Eles recepcionam os alunos no aeroporto ou estação, ajudam na busca da moradia, além de promoverem viagens e encontros.

A estudante colombiana, Valentina Martinez, participou do programa de intercambio acadêmico da Unifor no ano de 2011. Apesar de considerar uma das melhores experiências já vividas, a estudante de audiovisual afirma que a principio teve algumas dificuldades da adaptação. “Por sorte, eu me envolvi em projetos da universidade e consegui fazer mais amigos, mas alguns dos colombianos que estiveram comigo em Fortaleza não tiveram o mesmo êxito. Ficavam somente entre eles, não praticavam o português, e nem eram incentivados a se socializar”, afirma. Valentina é um dos exemplos de como o rendimento do aluno é maior quando bem socializado. Dos três intercambistas colombianos que vieram a Fortaleza junto com Valentina, ela foi a única que decidiu ficar por mais um semestre.

“Uma das primeiras coisas que fiz desde que voltei do intercambio foi tentar me inscrever como voluntário para ajudar os intercambistas, mas para a minha surpresa, a Unifor não tem esse tipo de programa”, lamenta Lucas Dantas, que gostaria de ajudar os alunos estrangeiros da mesma forma que foi ajudado na Espanha.

As vantagens de aderir a esse tipo de programa de apoio entre alunos não são apenas para o aluno que vem de fora, mas também para os alunos da Unifor. Com a existência de um programa como esse, os alunos teriam a oportunidade de interagir diretamente com pessoas de outras nacionalidades e culturas, o que seria um aprendizado valioso, além de ajudar na socialização de um aluno estrangeiro. Sem dúvidas, seria um acordo onde todos sairiam ganhando.

Texto: Rebeca Marinho

Todos iguais, mas uns mais iguais que os outros

0

As manchetes policiais estampam as capas de jornais cearenses desde o princípio de suas tiragens. Os boletins policiais de nossas rádios despejam, há décadas, profusas e dantescas ocorrências geradas em nossa sociedade. Há 35 anos, diuturnamente nos televisores, os programas policiais alcançam alturas impossíveis nos picos de audiência, as custas de um discurso sensacionalista, onde mais se incita a violência e  a morte do que se acena para um debate amplo sobre as delicadas questões de segurança pública em nosso estado. A propósito, questões que “repórteres policiais” lidam diariamente, como o tráfico de drogas e o crime organizado.

Embora respaldadas pelos tantos anos de existência na mídia cearense, as matérias “de polícia”, na comunidade acadêmica, são tratadas a partir de uma ótica unitária, em que chavões consagrados e críticas ostensivas desse fazer jornalístico o põem na latrina do ofício. O que não se enxerga, porém, é um engajamento prático dos cursos de jornalismo, em busca de uma primazia que acarrete no devir da área.

O repórter e autor do livro “TeleVisões: violência, criminalidade e insegurança nos programas policiais do Ceará”, Raimundo Madeira, crê que as universidades precisam assumir uma parcela de responsabilidade pela qualidade dos profissionais e do conteúdo veiculado nos suplementos policiais. “Se os próprios cursos de jornalismo se preocupassem em travar discussões mais aprofundadas sobre o jornalismo policial, fomentar o exercício teórico e prático para um tratamento mais qualificado das notícias policiais e tratar os diversos segmentos do jornalismo com igual nível de importância e responsabilidade, as visões sobre ele seriam diferentes já a partir das universidades, com repercussões positivas sobre os futuros profissionais nesse tipo de cobertura, seja qual for o veículo – impressos, rádio, televisão e internet”, analisa.

Opinião complementar tem o professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Alejandro Sepulveda, ao defender a extensão do debate sobre as recorrentes violações dos direitos humanos e desencontros de informações nas abordagens, a outras estâncias da sociedade. “Penso que uma alternativa seria envolver no debate acadêmico os profissionais da mídia que são responsáveis pela veiculação desses programas policias, além das autoridades relacionadas com a segurança pública e gente da OAB, Ministério Público”, indica.

A marginalização do jornalismo policial inicia-se antes mesmo do ingresso a academia. Para Sepulveda, apesar de haver elementos fundamentais com os quais a célula de polícia convive, a exemplo dos direitos e deveres dos cidadãos, esta negligencia-os, endoçando o repúdio de parte da sociedade. “Creio que o próprio jornalismo policial tem contribuído para isso (desprezo do público), quando sensacionaliza e espetaculariza os fatos, expõem a imagem de detentos, mostra cenas degradantes e explora a violência do cotidiano como caso de polícia”.

O estudante de jornalismo, Farley Brasil,  lança um olhar concentrado nos programas televisivos “pouco evoluídos” e questiona a função social do jornalismo praticado neles. “O motivo mais discutido é sobre que função essa atividade realmente exerce dentro de um contexto social. A forma, sensacionalista, como esse tipo de jornalismo passa as suas informações põe em cheque o entendimento para que realmente ele serve e principalmente a sua importância para a sociedade”, enfatiza.

Madeira ainda formula o que seria, para ele, um jornalismo policial de qualidade. “Mais do que engatar uma notícia atrás da outra sobre criminalidade e violência, os veículos de comunicação deveriam se constituir em espaços para o debate qualificado sobre segurança pública. Na veiculação das notícias policiais, os jornais, as revistas e as emissoras de rádio e televisão deveriam evitar prejulgamentos, zelar pela garantia de direitos ao contraditório e à defesa, assegurar a preservação da identidade e da imagem das pessoas, enfim, promover o respeito a vítimas, acusados, familiares e leitores, ouvintes e telespectadores”.

Texto: Jefferson Passos