
Uma volta ao tempo em que havia resistência e luta contra a ditadura. Essa foi a proposta do evento “Uma noite em 68” que aconteceu na véspera do feriado, 14 de novembro, no Anfiteatro Dragão do Mar. Mais do que a apresentação dos artistas envolvidos era um momento em que várias gerações se congraçaram no espírito revolucionário das passeatas dos anos 1960s .
Através dos clássicos de protesto consagrados nos festivais de música popular brasileira e outros, nem tão conhecidos, mas que faziam parte do cancioneiro da época estavam, de alguma forma, entrelaçados, fomos convocados a escutar e vivenciar um período das belas canções brasileiras: Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tropicália, entre outros nas vozes de Fernando Catatau, Céu, Paula Tesser, Vitoriano (Os Transcionais) e Soledad Brandão.
Canções estas que expressaram mais do que as palavras musicadas, nas entrelinhas houve uma comunicação fantástica entre diferentes gerações, músicos e plateia. Em um som único, composto por timbres tão diferentes, buscava-se despertar reflexões, buscava-se gritar a comunhão de um povo tão desgastado e sem o menor interesse de aceitar passivo ou acomodar-se diante do que a realidade tem oferecido.
Entre fotos de pessoas e momentos passando em vídeo mapping no palco, juntamente com cenário inspirado no momento sobre o qual se tentava resgatar, fomos captados, ao final do show, por um discurso político, direcionado a nossa cidade, tendo como temática a insegurança de nossas ruas, feito por Fernando Catatau, também produtor da noite. O discurso causou polêmica nas redes sociais, com muitas críticas e outros elogios, mas que vem a calhar com os momentos atuais vividos no nosso país como um todo.
Uma noite em 68 foi um grito de direito a vida, um grito desses direitos humanos tão em voga e ao mesmo tempo tão esquecidos. Onde estamos nós, “que amávamos tanto a revolução”?
Texto: Caio Pinheiro