
Os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) dos graduandos de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza seguem em etapa de apresentação entre os dias 9 e 16 de Dezembro. Neste ano, as exibições evidenciaram um aspecto peculiar: o predomínio da elaboração de produtos em relação às monografias tradicionais.
Júlia Norões e Érika Neves, sob orientação do professor Eduardo Freire, conceberam a Manjar – uma revista de gastronomia para Ipad. “A revista traz restaurantes e comidas pouco conhecidas ou exploradas, mas que estão ao alcance de todo fortalezense, com o diferencial de ter uma visualização digitalizada, usando o iPad como plataforma”, explica Júlia.

Érika acrescenta que a abordagem particular motivou a formulação do projeto. “As pessoas estão sentindo a necessidade de um canal de informação diferenciado, que não seja cópia do jornal impresso ou da web; que trabalhe a curiosidade do leitor e que faça com que ele tenha interesse de ir até o local citado na matéria e buscar mais informações”, conta. O professor Eduardo destaca, ainda, o convite da consultora de tecnologias da Adobe, Fabiana Go, para que a revista seja incluída no material de treinamento para curso de ADPS (Adobe Digital Publish Suíte).
“Hoje, o material dos cursos é composto apenas por exemplos americanos. A Fabiana gostou tanto do design e das soluções propostas, que conheceu quando esteve aqui em Fortaleza, que pretende adotá-las nas suas palestras pelo Brasil”, enfatiza Eduardo.
De outro modo, as formandas Lara Brayner e Rayssa Hilgenberg desenvolveram, com o auxílio da professora Janayde Gonçalves, um plano de comunicação para uma empresa de assessoria da propriedade de ambas. “Procuramos colocar no trabalho como seria uma empresa de comunicação mais moderna. Trabalhamos pensando no que seria mais importante para o mercado hoje, buscando onde havia mais necessidade de se complementar a questão do online nas assessorias”, conta Lara.

Quando questionada sobre a recepção da empresa no mercado, ela aposta na identificação das pessoas com os fundamentos lançados, mas analisa que, para acontecer essa inserção, é preciso gerar, antes, um capital de investimento. “Uma empresa consegue inserir-se no mercado com inovação, qualidade e ética, fatores que são o alicerce da nossa empresa. Estamos trabalhando para adquirir mais experiências e fazer com que essa ideia seja posta em prática”, acentua.
Livros-reportagem
Em contraposição ao estilo urgente e objetivo dos textos convencionais, os livros-reportagem, caracterizados por empregar técnicas narrativas da literatura, com abordagens aprofundadas, foram igualmente evidenciados nos trabalhos de conclusão de curso.

Eco do Silêncio: Vida e Memória das Carmelitas descalças no Ceará é o resultante literário de uma inquietação de Rayla Rebouças, com a contribuição da professora Ana Paula Farias. “Desejava saber quem eram aquelas mulheres que viviam totalmente encerradas na clausura de um mosteiro e quais as motivações que as levavam a essa decisão tão radical”, expõe. O processo de apuração, segundo Rayla, foi realizado por meio de entrevistas com as próprias monjas, que são apresentadas e desmitificadas em suas reclusões. Ela acredita que o distanciamento dessas religiosas com o mundo faça com que a obra, por si só, ganhe um ângulo próprio.

Giselle Nuaz, praticante de Kite Surf, optou por reunir as informações que adquiriu na convivência com outros kitesurfistas também em formato de livro. Ela compilou histórias e imagens, mesclando literatura e guia para esportistas, não obstante ter encontrado algumas dificuldades. “Pesquisei livros, revistas, sites, mas não tinha quase nada no Brasil. Como a prática não é regulamentada, precisei viajar do Cumbuco até Jericoacoara, coletando cada palavra”. Justamente pela escassez de conteúdo na modalidade, ela relata com entusiasmo a solicitação, desde já, por donos de hotéis, clubes, academias e amigos kitesurfistas para adquirir exemplares da sua obra Vidas ao Vento, desenvolvida com o professor Eduardo Freire.
Documentário
Já Lucas Maia Dantas, conduzido pelas diretrizes do professor Alejandro Sepúlveda, optou por retratar em sucessões de imagens a comunidade do Batoque. A primeira Reserva Extrativista do Ceará, conta Lucas, conquistou esse título em razão da luta dos moradores, desde a década de 70, contra a especulação fundiária, que ameaçava suas subsistências. “Senti que a própria população apresentava a necessidade de que suas histórias fossem contadas, como uma forma de tornar público o quão duro é – e continua sendo – lutar por um modo de vida tradicional”, manifesta. Sobre o processo de apuração, ele sublinha que “tudo foi gravado de forma simultânea e contínua, durante os 9 dias passados no Batoque”. O documentário completo você pode conferir abaixo:
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Texto: Alana Oliveira