A última mesa redonda do XIII Fórum Brasileiro de Televisão Universitária e do II Encontro de Televisões UniversitáriasIbero-Americanas reuniu quatro debatedores representantes de insituições públicas e privadas, que pontuaram sobre o papel das TVs universitárias para a democratização do conhecimento e disseminação de cultura e cidadania.
A mesa foi constituída pelo presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Nelson Breve, pelo presidente da Federação Mundial de Clubes e Associações da UNESCO Luis Otávio Palhari e pelo vice-reitor de extensão da Unifor, professor Randal Pompeu e em vídeo, pelo reitor da PUC Goiás, Wolmir Amado.
Foto: Pedro Vinícius
Sob as perspectivas de cada representação universitária, os palestrantes consentiram sobre o verdadeiro papel de uma TV produzida na universidade: extensão. “A TV universitária tem o objetivo de disseminar e democratizar o conhecimento, mantendo um diálogo com a população”, explanou Randal Martins.
Nelson Breve, no entanto, acentuou o debate por salientar os problemas mercadológicos e substanciais nesse tipo de exibição televisiva. Para ele, contraditoriamente ao que se estabelece na didática, a TV estudantil inclina-se a precariedade, ao orçamento insuficiente para as necessidades, realizando, assim, apenas uma pequena parte do que poderia fazer pela sociedade.
“Nesse contexto, é uma frustração para os alunos produzirem boas produções sem ter a estrutura para expor. A comunicação é um serviço público e, os jornalistas seus funcionários que precisam de estímulos, concursos, capacitações… De ver a TV como uma janela”, rematou Nelson.
O coordenador do Laboratório de Convergência de Mídias (Labcom), Marcio Carneiro e o gerente de programação, jornalismo e engenharia do Canal Futura, João Alegria, deram início ao terceiro dia de mesas redondas do XIII Fórum Brasileiro de Televisão Universitária. O tema “Como as tecnologias estão mudando a forma de fazer televisão” foi debatido, na manhã desta quarta-feira, no auditório da biblioteca da UNIFOR.
Partindo de um viés bastante tecnológico, a fala de Marcio Carneiro permeou a discussão sobre as diversas telas as quais uma parte de nós tem acesso e a relação do interativo com a Televisão Digital. Usando o case de um software chamado t-Autor, que facilita a criação de aplicações de interatividade para o Sistema Brasileiro de TV Digital, o professor explicou os processos envolvidos no recebimento de dados, seja por sinal de áudio e vídeo ou via internet.
Carneiro também levantou uma problemática que pode dificultar a implementação e o contínuo uso da Televisão Digital no Brasil. “Com relação à formação de interesse, no caso da TV Digital, nós vemos um sistema com vários atores com agendas totalmente diferentes, ou seja, o governo tem sua agenda, os radiodifusores tem sua agenda, a academia tem outra e, por vezes, essas agendas não estão muito sincronizadas. Talvez seja daí que surja a dificuldade com a interatividade”.
Marcio Carneiro. Foto: Maria Navarro
Seguindo sua linha de pensamento, Carneiro abordou a questão da interatividade partindo do sistema de internet de cada região. “A interatividade da TV Digital está muito relacionada a infraestrutura de internet numa região. Visto que, onde há uma estrutura de internet avançada a necessidade de interatividade na televisão diminui”. O professor apontou que a premissa inicial do governo era oferecer serviços públicos, por meio da TV Digital, para regiões em que o principal veículo de informação fosse a televisão. A lógica da informação está em constante mudança nos últimos anos e, com ela, a produção da TV Digital também muda.
Para os leigos em Televisão Digital, a fala de Carneiro esclareceu muitos pontos obscurecidos até então. O professor destacou o t-Autor como uma saída para empresas de televisão que, muitas vezes, “não possuem tempo suficiente para programar e editar complexos modelos digitais de interatividade”.
João Alegria divergiu em vários pontos do que foi exposto pelo primeiro expositor. Levando a público o case da TV Futura, Alegria seguiu a ideia de tecnologias sociais, que nada mais é do que todo produto, método ou processo criados para solucionar algum tipo de problema social, de modo que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade (e reaplicabilidade) e impacto social comprovado. “Para nós a tecnologia não existe pura e simplesmente. Interatividade não existe pura e simplesmente. Eu preciso ter um projeto, preciso ter a intenção de apropriação do sistema, com um objetivo muito claro”, arguiu.
O professor enumerou as chaves da apropriação dos recursos tecnológicos, destacando que não há como apenas utilizar as novas tecnologias sem apropriá-las e fornecer à elas novas funções. Nesse sentido, Alegria citou o núcleo de jornalismo da TV Futura em que a reunião de pauta acontece integrando vários participantes, de vários lugares diferentes do país, de forma a compor uma pauta mais clara e profunda.
João concordou com Marcio quanto às constantes mudanças que as comunicações têm passado nos últimos anos por intermédio das novas tecnologias. “Não se faz mudança tecnológica por decreto”, afirmou. Alegria ainda destacou o uso de tecnologias tão fundamentais quanto as novas telas para o fazer televisivo. “Lápis e papel são tecnologias em uso e de extrema importância para o fazer da televisão”, concluiu.
De hoje ao dia 23 de outubro estará ocorrendo, na Unifor, o XIII Fórum Brasileiro de Televisão Universitária e o II Encontro de Televisões Universitárias Ibero-Americanas.
Serão realizadas palestras e seminários, bem como apresentação de trabalhos de pesquisas científicas, direcionados aos profissionais da televisão e aos alunos. As pesquisas serão julgadas por Mestres e Doutores em Comunicação.
No primeiro dia haverá a abertura do evento com a presença da reitora da Unifor e do presidente da Associação Brasileira da Televisão Universitária (ABTU). No dia 22, segundo dia do fórum, as palestras terão início às 9 horas da manhã e a primeira terá como tema “A TV universitária no contexto Iberoamericano”.
As palestras, seminários e apresentação de trabalhos continuarão até as 19 horas. No último dia (23), as palestras iniciarão as 9 horas e o encerramento será as 17 horas. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site.